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Luís Fernandes, CEO ROOX
Chegou o Verão e com ele um dos períodos menos produtivos de uma empresa. Certamente que muitos partilham desta ideia, mas será que é mesmo assim?
Bem de facto, em Julho já nos estamos a preparar para ir de férias ou já estamos de férias, em Agosto nada acontece e em Setembro começamos a regressar aos poucos sendo que apenas em meados do mês é que estamos todos em força, mas já com o pensamento no Natal.
Com o aproximar das férias temos o hábito de tentar despachar o máximo que podemos, chegando mesmo a trabalhar o dobro na última semana para que possamos cumprir todos os deadlines e, quando voltamos de férias, temos imenso trabalho para pôr em dia tudo aquilo que aconteceu na nossa ausência.
Este esforço extra juntamente com a facilidade criada pelas novas tecnologias levou-nos a “compensarmos” a nossa ausência. Hoje em dia estamos sempre ligados porque é fácil levar um Tablet ou SmartPhone para as férias e podemos ir sempre respondendo a uns e-mails.
Alguns dos leitores poderão dizer que não é nada assim, ótimo! Outros certamente que irão admiti-lo mas rapidamente desculpar-se que esta é a nossa cultura.
Segundo Edward Hall somos uma cultura de alto contexto, logo a nossa gestão de tempo é policronica e por esse facto o nosso dia corre com inúmeras atividades em simultâneo, começando umas sem terminar as anteriores. O nosso ano replica assim esse comportamento, misturando tudo. Estamos de férias a trabalhar e trabalhamos com interrupções de férias.
O problema das empresas neste período é a intermitência. A equipa “vai estando” mas o facto de não presente, ou completamente dedicada, impossibilita trabalharmos da forma como estamos habituados durante o resto do ano.
Aliás, mesmo que a nossa empresa esteja a 100% neste período, estamos envolvidos num ecossistema mais vasto que embora consigamos agir na nossa esfera de ação, em algum momento vamos encontrar um problema do outro lado, seja porque o fornecedor não tem stock ou a pessoa chave no cliente para aquele projeto está fora.
Embora o mercado de hoje seja muito mais dinâmico e com necessidade de adaptação constante, todos nós sabemos que a natureza funciona por ciclos, dia/noite, estações do ano, etc. Desta forma, temos de encarar este período como fazendo parte de uma época com características próprias. O facto de não se fechar negócios ou projetos, não tem de ser sinónimo de não estarmos a ser produtivos, essa é a característica de outras épocas do ano mas nesta época podem existir inúmeras outras atividades a desenvolver.
Pessoalmente sigo tudo o que escrevi, mesmo quando alguns destes pontos se sobrepõem. Tal como escrevi no ponto um, conheço o meu comportamento e sei que o trabalho é uma parte muito importante daquilo que sou como pessoa, pelo que faço mas também pelo que aprendo. Por essa razão não consigo estar 100% desligado. Caso você seja como eu, parta pelo menos do princípio que nem todos assim são, porque senão corre riscos de conflito.
Boas férias!
Luís Fernandes, CEO | ROOX