Em Portugal trabalha-se muito, mas continuamos a ser improdutivos. Em 2013, a média da produtividade real por hora trabalhada na zona Euro foi de 32,1 Euros, em Portugal foi de 17,1 Euros. O número não se torna menos preocupante se olharmos para números de 1995. Em 18 anos, a nossa produtividade por hora trabalhada cresceu apenas 3,5 Euros, altura em que os recursos tinham muito menos formação e tecnologia à sua disposição. Por outro lado, se analisarmos as horas trabalhadas, em Portugal trabalhamos em média 35,7 Horas/Semana por comparação com um média europeia de 31,5 Horas/Semana. Mais escandaloso será perceber o número de horas que trabalha um Alemão (26,4 Horas/Semana), o qual contribui com parte do dinheiro que necessitamos para manter o nosso nível de vida.
Trabalhamos “muito”, mas não trabalhamos bem!
A nossa vida profissional funde-se com a vida pessoal, e isso acaba por roubar qualidade a qualquer uma delas. Para o português é normal as pausas para o café, os telefonemas pessoais para tratar de “assuntos”, o ligar ao amigo para saber como está, o almoço para reunião, as reuniões que não são “às” 10:00 mas “por volta” das 10:00, o Smartphone com mensagens das redes sociais, uma caixa de correio eletrónico com 95% de emails irrelevantes entre muitas outras improdutividades. Para agravar, como não pararmos para pensar no que fazemos, executamos tarefas irrelevantes “porque sempre foram feitas”, ou fazemo-las de formas pouco produtivas “porque foi assim que nos ensinaram”.
Não se pode considerar que o problema está nos recursos, porque quando um Português vai trabalhar para a Alemanha revela-se alguém diferente. A responsabilidade destes comportamentos está na gestão, porque não orienta, não coloca objetivos e não avalia. O comum dos portugueses é avaliado pela pontualidade e assiduidade.
Como é que podemos ambicionar um nível de vida Europeu?
Este pequeno texto não tem como objetivo ser uma revelação, porque existe inúmera literatura de qualidade sobre Management. Qualquer conjunto de tópicos que possa aqui colocar será redundante e irá cair num conjunto de lugares comuns que todos conhecemos.
A sugestão é que independentemente da posição que se ocupe, que se pare pensar no que fazemos, como fazemos e como podemos fazer de forma diferente. O conhecimento já existe certamente, basta aplicar. Temos de ser motores da mudança, porque muitas coisas têm de mudar, os números são por demais evidentes. Estamos no mercado global, pelo que se não for a nossa concorrência da zona a ameaçar o negócio, será um qualquer player internacional. Alguns negócios só sobrevivem porque simplesmente não somos ainda um mercado interessante para quem vem de fora.
Até mesmo nós, que desenvolvemos, comercializamos e usamos inhouse um software de gestão, o TeamPlanner, que permite o controlo em tempo real de todas as tarefas de uma equipa, medindo a produtividade da mesma, nos deparamos interna como externamente, em clientes, com realidades de gestão que não fazem o melhor uso do seu dia a dia. Não há qualquer software, app ou ajuda terceira que vá alterar essa realidade a não ser com uma mudança interna da forma de trabalhar.
Luis Fernandes
CEO